"O maior vendedor do mundo" na Era da IA (Parte 2)

Fotos: capa do livro "O maior vendedor do mundo" (Ed. Record); e "Sell" (crédito: Canva)

A essência dos dez pergaminhos apresentados por Og Mandino, em seu livro “O maior vendedor do mundo" (1968) — e resumidos no post anterior — continua valendo ainda hoje, nesta nossa Era dominada pela Inteligência Artificial (IA). Por isso, vale a pena entendermos como aplicá-los em nosso contexto cada vez mais automatizado.

“Muitos sucumbem ao desespero e falham sem perceber que já possuem todos os instrumentos necessários para adquirir grande riqueza.” (Pathros, em O maior vendedor do mundo)

Neste post, eu apresento como adaptar cada pergaminho para o presente. Existem muitas formas de se fazer isto. Confira, a seguir, a alternativa que escolhi para começarmos essa jornada de nos transformarmos em excelentes vendedores combinando a sabedoria do passado com a excelência e inovação do presente. Vamos lá!

Se preferir, confira, antes, o post "O maior vendedor do mundo" segundo Og Mandino.

As lições de “O maior vendedor do mundo” na Era da IA

1 - Comece uma nova vida com hábitos digitais inteligentes

Forme hábitos que unam a sua disciplina com a eficiência da tecnologia. Use ferramentas de IA para organizar sua rotina, automatizar tarefas repetitivas e liberar o seu tempo para atividades estratégicas ou mais prazerosas. Falarei sobre algumas das ferramentas disponíveis no mercado — gratuitas e pagas — em posts futuros.

Para formar bons hábitos tecnológicos hoje, você pode incluir na sua rotina o aprendizado contínuo sobre dados dos seus clientes e do mercado, sobre as plataformas digitais mais adequadas para o produto ou serviço que você pretende vender muito bem e atualizar-se sobre as tendências da IA pertinentes ao seu negócio.

2 - Cumprimente cada dia com empatia e presença online

O “amor no coração” defendido por Og Mandino agora pode ser traduzido como a humanização das interações digitais. Um chatbot com respostas menos secas/frias e mais empáticas, um e-mail personalizado, um vídeo de vendas com sorrisos genuínos, tudo isso ajuda a criar conexões reais com os clientes mesmo em ambientes virtuais.

3 - Persista com estratégia baseada em dados

Não desista diante dos muitos “nãos” que você irá receber ao longo de sua jornada como vendedor. Use a IA — e o grande volume de dados existentes na atualidade — para aprender com a rejeição. Tente entender os padrões de comportamentos dos seus leads e clientes em potencial para testar, medir, otimizar e personalizar a sua abordagem. Tente prever os futuros "nãos" usando técnicas de machine learning e análises preditivas, além de adaptar mercadorias e estratégias de vendas para aumentar a probabilidade de receber os “sins” tão desejados.

4 - Valorize sua singularidade em meio à automação

Num mundo onde automatizar tarefas e entregar o atendimento dos clientes a chatbots virou rotina, seu diferencial será continuar sendo humano. Faça uso da empatia, da ética e da criatividade para distinguir os seus produtos e serviços daqueles modelos padronizados disponíveis no mercado. O seu cliente não precisa de mais do mesmo, seja no mundo real, seja no ambiente virtual.

5 - Viva cada dia online como se fosse seu último — e publique como se fosse eterno

Og Mandino falou sobre “cumprir hoje os deveres de hoje”, e isso pode ser aplicado na construção da sua marca pessoal como vendedor profissional através da presença online consistente (ou seja, diária) e a produção de conteúdo de qualidade.

Com essa necessidade em mente, lembre-se de que, assim como na vida real, onde uma palavra fora de contexto pode colocar uma venda a perder, no ambiente digital, palavras inadequadas também fazem estragos e deixam rastros. Por isso, preocupe-se tanto em produzir conteúdo relevante e ético, como em construir uma reputação como “um conselheiro de confiança do cliente”* todos os dias.

6 - Seja dono das suas emoções — tanto no mundo físico como no digital

Resultados abaixo do esperado, comentários negativos dos clientes nas redes sociais, entre outras situações difíceis, podem abalar qualquer um; especialmente, os vendedores. Por isso, treine sua inteligência emocional para não reagir impulsivamente e se arrepender depois. Use a IA para filtrar informações, mas mantenha o controle sobre como você responde e se posiciona. Ah, lembre-se de passar esse auto-controle para os códigos dos seus chatbots (afinal, códigos também são reflexos de quem os programa).

7 - Preocupe-se menos, adapte-se mais

Diariamente, lemos notícias de como o mercado está mudando rápido, como a tecnologia está acelerando essas mudanças e como todo mundo — até os vendedores — perderão seus empregos para a IA e seus robôs.

Em vez de se preocupar com o que não pode controlar, invista a sua energia em aprender novas ferramentas (especialmente, em como incorporar as ferramentas de IA no seu dia a dia), experimentar novos formatos e se reinventar como profissional para manter-se competitivo. Quer um exemplo? Hoje em dia, muitos vendedores estão usando recursos de IA (como o ChatGPT e o Copilot) para melhorarem seus pitches de vendas. Você pode fazer o mesmo.

Lembre-se: assim como as tendências mudam, os desafios também passam; principalmente, se você estiver preparado para eles.

8 - Multiplique seu valor com aprendizado contínuo

Estabeleça metas de crescimento que incluem novas competências digitais como análise de dados, automação de campanhas de marketing, uso de chatbots para responder dúvidas mais frequentes, criação de conteúdo com a assistência da IA Generativa (ChatGPT, Claude, Copilot e muitas outras). Cada habilidade nova adquirida aumentará seu valor no mercado e ampliará suas oportunidades de fazer a venda perfeita.

9 -  Aja agora: a velocidade é a nova moeda

Na era da IA, quem espera nem sempre alcança. Trate de testar suas ideias rapidamente, lançar protótipos primeiro (e produtos finalizados, depois) com apresentações curtas sobre eles (MVP-pitch), responder clientes em tempo (quase) real. Use a tecnologia para acelerar processos, mas não espere pela condição perfeita para agir. Lembre-se que o ótimo é inimigo do bom e pode nos atrasar irremediavelmente.

10 - Busque inteligência artificial, mas mentoria humana

Combine o melhor dos dois mundos: aprenda tanto com mentores experientes (como Hafid, que aprendeu com Pathros, em "O maior vendedor do mundo") como com sistemas inteligentes que oferecem insights, análises e simulações. A mentoria humana traz visão estratégica; a IA, velocidade e precisão.

Conclusão

Em suma, as lições do livro "O maior vendedor do mundo" continuam tão relevantes hoje, em plena Era da IA, quanto o foram em 4 a.C, ano em que a fábula começa, e em 1968, ano da publicação do livro. Através da adaptação dessa obra de Og Mandino para os nossos dias, é possível compreender que, a construção de um vendedor de sucesso pode ser feita pela união dos ensinamentos dos dez pergaminhos de Og Mandino com o uso inteligente do que a IA tem de melhor para oferecer nos nossos dias. Faça bom uso de ambos.

* O conceito do vendedor ser visto como um conselheiro de confiança do cliente foi bem explorado no livro Venda!, de Dale Carnegie e Associados (Sextante, 2023), e será tema de um post futuro. Aguarde!